Por que atuamos com o Ensino Médio Integral (EMI)?
- Em 13 de julho de 2023
Atuamos com o apoio à implantação e expansão do Ensino Médio Integral (EMI), porque o cenário educacional brasileiro do Ensino Médio é alarmante:
A cada 100 estudantes que ingressam na escola, apenas 69 concluem o Ensino Médio até os 19 anos. Dos que conseguem concluir, 89,7% não têm aprendizagem adequada em Matemática e 62,9% não têm aprendizagem adequada em Língua Portuguesa.
Para transformar este cenário, a expansão do EMI corresponde à meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê a oferta mínima em 50% das escolas públicas, atendendo a pelo menos 25% dos jovens da Educação Básica até 2024.
A política pública de EMI é uma proposta pedagógica inovadora que visa a formação integral do estudante por meio da ampliação da jornada escolar, abrangendo suas dimensões socioemocionais e cognitivas. O jovem formado por uma escola de EMI é mais bem preparado para a continuidade da vida acadêmica, formação profissional e para a vida em sociedade. Há uma matriz curricular diferenciada, inclusão de disciplinas eletivas, projeto de vida, práticas experimentais entre outras, ofertando uma escola mais alinhada aos interesses dos estudantes, aumentando seu pertencimento a escola e em consequência seu engajamento.
Além disso, o EMI oferece segurança alimentar para os estudantes, pois são oferecidas três refeições diárias. Temos estudantes mais nutridos e mais dispostos a aprender.
Como atuamos?
Nos últimos anos, apoiamos a implementação e expansão da Política de EMI em mais de 20 estados brasileiros a partir da aliança estratégica formada entre nós, o Instituto Sonho Grande (ISG) e o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE).
Nossas ações junto ao EMI são organizadas em duas frentes:
Apoio à implantação, expansão e consolidação da Política EMI
Na primeira frente apoiamos a implantação do modelo de EMI através de apoio técnico, estratégico e pedagógico aos estados parceiros, ou seja, estados compromissados em oferecer uma educação de qualidade que transforma vidas aos seus estudantes.
Na segunda frente, demos um importante passo na produção de evidências sobre a educação integral através da criação do Centro de Evidências da Educação Integral (CEEI), uma iniciativa do Insper, que recebe o nosso apoio e o apoio do ISG. O CEEI é dedicado a produzir, organizar e sistematizar conhecimento científico sobre educação integral para o desenvolvimento humano, com o objetivo de contribuir para que a política da educação integral possa ser utilizada de maneira eficaz na garantia do direito a educação de qualidade a todos. O CEEI é coordenado pelo professor Ricardo Paes de Barros, uma importante referência de educação no Brasil.
Desenvolvemos ações de Comunicação e Engajamento da política do EMI nos preocupando em incluir todos os personagens responsáveis pelo desenvolvimento e sucesso desta política no Brasil
Desde o ano de 2020 promovemos os eventos das Rodas de Conversa do EMI, em que mensalmente as equipes técnicas das Secretarias Estaduais de Educação parceiras se reúnem para compartilhar boas práticas, aprofundar conhecimento sobre temáticas voltadas para expansão e qualificação da política, além de disseminar os resultados dos estudos desenvolvidos pela aliança estratégica.
Com a preocupação de formar comunidades que defendam a política, criamos desde 2021 o grupo dos Estudantes Porta-vozes do EMI e desenvolvemos ações de formação, compartilhamento de práticas de protagonismo juvenil, produção de peças de divulgação do EMI e aprofundamento em temáticas alinhadas aos interesses dos Porta-vozes.
Além disso, estamos criando através do nosso canal de Youtube um repertório de vídeos com falas sobre a transformação que a política do EMI vem produzindo na vida de milhares de jovens brasileiros através da narrativa das pessoas que vivenciaram esta transformação:
Evidências de sucesso do EMI
Baseamos nossa atuação em evidências que comprovam a eficácia da Educação Integral aliada à melhoria das práticas pedagógicas e de gestão escolar, como o pioneiro Programa de Educação Integral de Pernambuco, uma política pública de sucesso, responsável pelo salto do estado no ranking nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), do 22º lugar, em 2007, para o primeiro lugar, em 2015.
Principais resultados e evidências do Ensino Médio Integral:
Melhores resultados de aprendizagem
O IDEB do ensino integral (4,7) foi superior ao IDEB do ensino parcial (4,0) e à meta prevista para o Ensino Médio (4,6), isto é o EMI tem um desempenho 17,5% maior comparado ao parcial. Na maioria dos estados brasileiros, o Ensino Médio Integral obteve um IDEB mais alto que o regular. (Fonte: IDEB/INEP 2019)
O ensino integral elimina a diferença salarial (13%) entre egressos negros e brancos.
Os egressos do ensino integral trabalham mais frequentemente em setores com alta qualificação e têm maior presença no setor educacional e de saúde.
Maior satisfação dos professores
Os professores das escolas integrais estão mais satisfeitos com a carreira e com o trabalho, se sentem mais valorizados profissionalmente e têm uma melhor opinião sobre suas condições de trabalho.
Nos últimos anos, realizamos inúmeros esforços para encontrar evidências positivas do EMI para além da aprendizagem. Um desses temas relevantes, é a violência.
O estudo Percepção da violência no ambiente escolar: análise das escolas integrais e regulares promovido pelo Instituto Sonho Grande mostra que a ampliação da jornada, aliada a um modelo pedagógico integral, estão relacionadas a menores índices de violência na escola, conforme percepção de gestores e professores registradas no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2019.
Com jornadas de 7 a 9 horas na escola, pais, mães e responsáveis têm a tranquilidade de que o tempo de seus filhos está sendo bem investido: perto de educadores e colegas, em um espaço seguro.
Há muitas famílias que trabalham durante todo o dia e se não tiverem escola integral assegurada a seus filhos, não têm com quem deixá-los.
No estudo Efeitos da escola de tempo integral em homicídios realizado pelo Instituto Natura em Pernambuco concluiu que em um recorte entre jovens de 15 a 19 anos, ao longo de 15 anos, analisando municípios que implementaram o EMI versus os que não implementaram, houve uma redução de, aproximadamente, 51% na taxa de homicídios nos municípios onde foi implementado o EMI. Analisando o homicídio como um limite extremo da violência, é possível entendê-lo como uma variável intermediária para a segurança pública como um todo, logo é possível vislumbrar uma relação de efeitos do EMI não apenas nos homicídios, mas na segurança pública como um todo.
A partir de um levantamento qualitativo, o estudo promovido pelo Instituto Natura e a Fundação João Pinheiro (2021) na implantação do EMI na Paraíba, conclui que o EMI tem impactos positivos nas chances de sucesso educacional, na empregabilidade e no salário do indivíduo. Esses resultados aumentam o custo de oportunidade das atividades ilegais, reduzindo as taxas de agressão, roubo, assassinato e encarceramento.
Estados apoiados
21 estados apoiados
3.449 escolas de Ensino Médio Integral
822.968 estudantes beneficiados
Fonte: Instituto Natura
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