Projeto de Vida: objetivos e etapas para os estudantes alcançarem seus sonhos
- Em 23 de agosto de 2021
Por Thereza Paes Barreto, Diretora Pedagógica do ICE
Todos os seres humanos têm sonhos e necessidades desde a infância. Nesse período da vida, brincamos de ser e realizar muitas coisas, assim como de conquistar objetivos e desejos. Quando somos crianças, nossos sonhos são baseados naquele que gostaríamos de ser, não importa a profissão que escolheremos, o lugar onde moraremos ou em quem nos inspira. Na infância não atribuímos um nome a essa “brincadeira de ser”, mas é a reflexão mais primária sobre a projeção para o futuro em busca da autorrealização – elemento vital para aquilo que denominamos Projeto de Vida.
Está previsto na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que todas as crianças, adolescentes e adultos brasileiros têm o direito de usufruir de condições e oportunidades básicas para crescer e se desenvolver com dignidade, o que nos permite realizar aquilo que desejamos. No entanto, não basta que esse seja um direito. É preciso aprender sobre como elaborar uma visão de si para o futuro, dedicar tempo para definir objetivos e metas e estabelecer as estratégias que nos levarão a realizar o que desejamos.
Nesse sentido, acerta a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quando considera a imprescindibilidade do Projeto de Vida como eixo que se inicia nos anos iniciais do Ensino Fundamental e segue até a conclusão no Ensino Médio, elegendo um conjunto de competências e habilidades fundamentais para que o estudante compreenda a sua importância e usufrua de uma formação suficientemente robusta para assegurar a sua construção.
A elaboração de um Projeto de Vida pressupõe elementos muito importantes, como a definição de uma visão de futuro; sonhos; compromisso e engajamento e sentido. Aprender a projetar uma visão de si mesmo no futuro é necessário porque é ela que nos ajuda a definir onde queremos chegar. Tudo aquilo a ser realizado para transformar “quem somos” naquele que “queremos ser” é fruto da nossa visão de futuro e do caminho que trilhamos.
Quando projetamos a nossa vida, somos claros com nós mesmos e direcionamos energias, capacidades e talentos para a satisfação das várias necessidades e direitos, incluindo a nossa autorrealização.
Ter clareza sobre as nossas ambições e sonhos é essencial, assim como o agir sobre tudo isso, ou seja, definir as etapas a serem realizadas e pensar nos mecanismos necessários para chegar lá (na imagem de topo deste texto, formandos no Ensino Médio da Escola Nestor de Camargo em Barueri/SP). Quem constrói uma visão afirmativa de si próprio tem mais chances de realizá-la do que aqueles que meramente sonham. A diferença é que aqueles que têm uma visão sobre onde querem chegar estão comprometidos e engajados, fazendo algo para seguir na direção dos seus objetivos.
Mas trabalhar de maneira entusiasmada, otimista e consciente em torno dessa realização requer que as coisas façam sentido. Os familiares e os bons amigos também são essenciais nessa trajetória, assim como a Equipe Escolar, porque a construção de um Projeto de Vida não é uma tarefa solitária. Aqui, cada um desses atores importa e todos têm um papel muito específico nessa que é uma tarefa para a vida inteira.
Foi nessa perspectiva que o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE) elegeu como centralidade da Escola da Escolha – o seu modelo de educação concebido em 2000 em Pernambuco – o Projeto de Vida do estudante, porque é para ele que convergem todas as competências, dedicação, talento e foco da Equipe Escolar.
Na Escola da Escolha, os sonhos são valorizados e os estudantes são estimulados a compreender que para conquistar algo é preciso acreditar que é possível e, para isso, é fundamental que se comprometam e se engajem com aquilo que desejam realizar em suas vidas. Esse compromisso exige uma atitude perseverante diante dos obstáculos; estar aberto às novas experiências e compreender que escolhas e decisões pressupõem compromissos diante do que se escolheu e a responsabilidade de assumi-los.
Todo esse processo é desenvolvido na Escola da Escolha por meio de processos e métodos a partir do componente curricular Projeto de Vida e das aulas estruturadas ministradas pelos professores que trabalham temas fundamentais que se relacionam e se complementam entre si, auxiliando na construção da sua identidade (o ponto de partida) e o seu posicionamento diante das distintas dimensões e circunstâncias da vida. Esse trabalho deve levar o estudante à crença do seu potencial e motivá-lo a atribuir sentido ao projeto que dá sentido o seu futuro.
Para essa realização tão refinada e imprescindível, é preciso que o Projeto de Vida do estudante viva no “coração da escola”. Isso significa que:
– O currículo deve exercer o papel de agente articulados entre o universo acadêmico, as práticas sociais e a trajetória para a construção dos Projetos de Vida dos estudantes;
– O Projeto Escolar se desenvolve associando teoria e prática para atender as necessidades e expectativas dos estudantes expressas e alinhadas no Plano de Ação da escola;
– As práticas, decisões, posturas e intenções da Equipe escolar deve prover todas as condições para que o estudante receba uma formação dotada de conhecimentos, inclusive aqueles advindos da experiência social, de valores e competências;
– O estudante é a referência a partir da qual e para a qual o Projeto Escolar se constrói e se estabelece pelas relações entre o currículo, a prática pedagógica, os processos educativos e da gestão escolar.
Realizado na especificidade desse componente curricular e presente na prática pedagógica de todos os professores, esse processo foi concebido pelo ICE para apoiar o estudante:
– No reconhecimento da importância e da imprescindibilidade da educação ao longo de todas as etapas da vida;
– Na construção de valores que promovam atitudes de não indiferença em relação a si próprio, ao outro e ao seu entorno social;
– Na sistematização do produto dos seus aprendizados e reflexões que vão subsidiar a elaboração do seu Projeto de Vida.
Tudo isso tem início no Acolhimento realizado na abertura do ano letivo e tem sequência na formação integral assegurada por uma sólida base acadêmica e pelo desenvolvimento e cultivo de valores fundamentais para a desejada autonomia do estudante diante das escolhas e decisões de maneira consciente e consequente.
Tendo em vista que viver e estar no século XXI exige capacidades muito diferentes daquelas valorizadas na era industrial, essa formação integral também contempla o cultivo de competências e habilidades a serem aplicadas nos mais diversos campos da atividade humana, bem como de talentos e sensibilidades pelas quais os estudantes possam, por meio dos seus Projetos de Vida, construir uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.
Fonte: Movimento pela Base
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